Witzel ignorou opiniões contra o sistema operacional que eram proibidas de fazer contratos com autoridades públicas
PRI – O governador Wilson Witzel, ao reverter em 23 de março a decisão que desqualificou o Instituto Unir Saúde como organização social que poderia contratar o Estado, desprezou duas opiniões legais contrárias à aceitação do recurso da entidade. A adesão, como demonstrado pela operação favorita, desencadeada pela força-tarefa Lava-Jato na semana passada, tem o empresário Mário Peixoto como parceiro oculto, que foi preso. Na quarta-feira passada, os promotores do Rio enviaram trechos da investigação ao gabinete do procurador-geral com alegadas referências ao governador Wilson Witzel.
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As empresas de Peixoto mantêm contratos com o estado do Rio de Janeiro desde o governo Sergio Cabral (MDB) e permaneceram durante o governo Witzel. Segundo o MPF, esses contratos foram renovados mediante o pagamento de suborno. A Unir Saúde é responsável pelo gerenciamento das Unidades de Atendimento de Emergência (UPA). O OS havia sido proibido de celebrar contratos governamentais em outubro, após constatar irregularidades na prestação de serviços. No entanto, uma carta assinada por Witzel reverteu a proibição em um decreto em 23 de março deste ano. Para o MPF, não há justificativa técnica para o embarque.
Obtida pela GLOBO, uma das opiniões, assinada pela assessora jurídica da Casa Civil Ana Carolina Souza Correia e ratificada pelo promotor estadual Denis Moreira Monassa Martins em 10 de janeiro, afirmou que as inúmeras irregularidades encontradas na Unir ” um impacto importante na qualidade da assistência prestada à população, inclusive em risco à saúde, segurança e vida de pacientes, colegas e colaboradores. “Foi produzida outra opinião sobre o mesmo conteúdo, citada por Ana Carolina em sua análise. pelo Departamento Jurídico do Departamento de Saúde do Estado.
O parecer alega que as inúmeras irregularidades encontradas no Unir “têm um impacto significativo na qualidade da assistência prestada à população, incluindo o risco à saúde, segurança e vida de pacientes, colegas e funcionários” Foto: Editoria de Art
Solicitado, o governo do Rio disse que “o Governo do Estado não concordou com os fundamentos e decidiu manter a classificação da Organização Social, considerando a desqualificação como uma medida desproporcional, que poderia afetar o bom funcionamento das unidades de saúde mantidas pelas operadoras. sistema “.
Outro trecho da opinião obtida pela GLOBO revela “numerosas e consideráveis irregularidades no desempenho do OSS Unir, principalmente em relação à transparência das informações fornecidas, o que impossibilita a análise da aplicação dos recursos obtidos” Foto: Editor de Arte
O parecer também menciona que “a existência de inconsistências entre os valores apresentados nos saldos apresentados nas contas” Foto: Editoria de Arte
Entenda o caso
A opinião do consultor jurídico da Casa Civil foi elaborada com o objetivo de ajudar Witzel na decisão de que ele aceitaria o “apelo hierárquico” apresentado pela Unir, no ano passado, contra a resolução conjunta dos departamentos estaduais de Saúde e Civil. Casa que desqualificou o Unite, impedindo-o de continuar administrando os UPAs. O recurso hierárquico é um pedido de revisão dirigido à autoridade superior ao que produziu o ato contestado.
Por iniciativa da Secretaria de Controle Interno e Compliance em Saúde, o processo de desqualificação levou em conta, entre outros fatores, que havia 20 processos de punição administrativa contra a Unir, um deles com decisão condenatória. A Comissão de Monitoramento e Inspeção de Contratos de Gestão, consultada, indicou as rejeições no valor de R $ 2 milhões para a UPA Mesquita e R $ 692 mil para a UPA Nova Iguaçu II (cortes nas faturas emitidas pelo serviço não prestado). Rejeição é o termo técnico para se referir à falta de pagamento pelo serviço contratado. Ele também apontou a falta de transparência que afetou a fiscalização dos valores aplicados.
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Após as pesquisas, a Secretaria Jurídica da Saúde do Estado concluiu que, em tese, havia indícios de irregularidades que viabilizavam legalmente a desqualificação do Instituto Unir como organização social de saúde (OSS). O então secretário de Saúde Edmar Santos confirmou a desqualificação e assinou um ato conjunto com o secretário de Estado da Casa Civil que pune o instituto em 22 de outubro.
A Unir solicitou a revogação da medida com um recurso hierárquico, com uma ordem judicial para a suspensão imediata dos efeitos da desqualificação. O Instituto Unir alegou falta de contradição, uma vez que o relatório final do processo não havia sido comunicado e, embora, no processo, não houvesse indicação de que a população não estivesse mais atendida, que havia uma má prestação ou interrupção dos serviços para o usuário final. .
A análise realizada pelo consultor jurídico da Secretaria de Estado da Casa Civil e pela Governança rebateu as acusações. Os relatórios das comissões de Monitoramento e Inspeção reafirmam a análise e listam os problemas na “parte estrutural das unidades, insuficiência de médicos e enfermeiros, ausência de extintores de incêndio, limitação de medicamentos, aparelho de raios X inoperante na unidade de Nova Iguaçu I e na Tijuca
Na opinião, enviada ao governador, o promotor estadual Denis Moreira Monassa Martins, assessor especial da Casa Civil, aprovou os comentários de Ana Carolina sobre a rejeição do apelo hierárquico: “o apelo não merece prosperar, pois não se observou ilegalidade. no procedimento na tela “, escreveu ele.
Interceptação telefônica
Nas investigações da Operação Favorita, os promotores indicam que o ex-deputado Luiz Roberto Martins Soares seria o outro proprietário do sistema operacional. Em uma interceptação telefônica autorizada pelo Judiciário em 24 de março deste ano, Luiz comemora a decisão que permitiu ao governo contratar a empresa.
Na medida cautelar proposta pelo MPF para a operação de quinta-feira, é apresentado um diálogo no qual uma suposta referência a Witzel é investigada durante uma conversa entre o ex-deputado Luiz Roberto Martins Soares, que segundo o MPF seria o outro sistema operacional do Proprietário.
“O ‘zero zero’ do palácio assinou a revogação da desqualificação de Unir”, disse Martins ao ex-prefeito de Nova Iguaçu Nelson Bornier durante a interceptação. Ele é o pai de Felipe Bornier, secretário de esportes do governo Witzel.
No dia anterior à convocação, em 23 de março, a ordem do governador de libertar Unir havia sido publicada no diário oficial. Ontem, o governador disse que seu nome estava envolvido em “negociações espúrias” e que isso será explicado no STJ.
– Eles implicaram meu nome em negociações espúrias, vendendo minha decisão sobre a empresa Unir, sem nenhum envolvimento da minha parte. Agi da mesma maneira que sempre como juiz federal, ouvindo as partes, analisando as evidências no arquivo e decidindo minha sentença. As conversas telefônicas colocam em dúvida minha honestidade, mas graças a Deus o judiciário brasileiro me conhece e sabe que nunca fui capaz de vender, sentenciar ou tomar decisões em 17 anos como juiz federal, disse ele em uma mensagem aos secretários. – Esclareceremos rapidamente tudo ao STJ e concluiremos isso.
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Nota do governo na íntegra
– Na época em que o recurso passou pelos departamentos jurídicos das secretarias, foi emitido um parecer e o governador analisou o recurso, procedimento que está em processo normal.
– O Governo do Estado não concordou com os fundamentos e decidiu manter a classificação da Organização Social, considerando que a desqualificação é uma medida desproporcional, que poderia afetar o bom funcionamento das unidades de saúde mantidas pelo sistema operacional.
– O procedimento administrativo foi julgado de acordo com os princípios de legalidade, moralidade, eficiência, publicidade e impessoalidade.
– Porém, diante dos novos fatos narrados na decisão da 7ª Vara Federal, o governador Wilson Witzel desqualificou o Instituto Unir Saúde na última sexta-feira.
fonte: https://oglobo.globo.com/rio/witzel-ignorou-pareceres-contra-os-que-estava-proibida-de-fazer-contratos-com-poder-publico-1-24432506